quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Pesquisador diz que alfabetização no Brasil usa métodos obsoletos


As técnicas brasileiras de alfabetização são obsoletas, ineficientes e já foram abandonadas pelos países desenvolvidos há quase uma década. Quem diz é um especialista no assunto: o português José Morais professor emérito da Universidade Livre de Bruxelas, que tem 25 anos de experiência em pesquisas na França, Bélgica, Portugal e Brasil.

Três estudos comprovam que o ensino brasileiro - embora tenha obtido progressos visíveis - continua tirando notas baixas. No Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), que mede a qualidade do ensino nas escolas públicas, Pernambuco ficou com nota 4,1, abaixo da média nacional que é de 4,4. Já o exame de leitura do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, feito dois anos atrás, coloca o Brasil na posição de número 54 entre 65 países examinados. É um dos últimos colocados, atrás de outros países da América Latina, como Colômbia, Chile e México. Por fim, um levantamento do Ministério da Educação feito em 2009 e divulgado no ano passado mostra que 40% dos alunos do 5° ano não sabem ler.

Para José Morais, há duas causas para esse problema: uma é cultural e a outra é pedagógica. A cultural tem a ver com o ambiente em que o estudante vive. A outra causa é a pedagógica. as primeiras conclusões indicam que a eficiência da teoria construtivista, base de toda a educação brasileira, não é comprovada por estudos feitos em vários países nos últimos vinte anos. As pesquisas defendem a importância da consciência fonológica - perceber como as palavras se dividem em diferentes sons e de desenvolver a capacidade de relacionar letras aos sons correspondentes.

O professor avisa que não vive no Brasil e não pode dizer exatamente como se ensina aqui, mas conhece o suficiente para tirar algumas conclusões. "Acho que não há uma formação suficiente. O que já concluí dos contatos que tive com os professores brasileiros é que eles não foram formados com uma boa metodologia", analisa. O professor defende a repetição, o ditado, como método de ensino.

Para ele, no quinto ano já devemos ter criado essas tais representações para muitas palavras, então já não precisamos decodificar. É aí que torna-se importante a prática da leitura.

O outro ponto que ele considera importante é a forma como a criança é avaliada. "Avaliação tem que ser fundamentada cientificamente, deve ajudar a criança e ajudar o professor a compreender onde está o problema da criança. Então, para isso, é preciso fazer testes que não deem apenas uma nota global, mas uma ideia do perfil. Não tem importância se é de 0 a 10 ou A, B, C. O importante é dizer onde a criança está lendo mal.

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