Um hospital universitário no Recife, que já foi referência no ensino e em algumas especialidades médicas, está vivendo uma situação difícil. No Oswaldo Cruz, faltam leitos, funcionários e enfermarias e pavilhões estão fechados.
Estudantes de medicina se reuniram nesta quinta-feira (8) para discutir a situação do hospital. Eles decidiram realizar um ato público em favor da unidade de saúde na segunda (12) e vão discutir melhorias com o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, Marcelino Granja, em reunião na próxima quarta (14).
O médico Cláudio Lacerda é chefe de uma equipe que salvou a vida de mais de 600 pessoas que precisavam de transplante de fígado. Hoje ele praticamente não consegue fazer cirurgias no Hospital Oswaldo Cruz (HUOC), no Recife. Tem que usar a estrutura do Hospital Jayme da Fonte. Faltam condições de trabalho no HUOC. "Alguma coisa tem que ser feita no sentido de que esse hospital tenha mais recurso para poder sair dessa crise", disse Cláudio Lacerda, chefe do serviço de cirurgia geral e transplante de fígado.
O pavilhão Amaury de Medeiros onde tratava os doentes do fígado está desativado. No local já houve 30 leitos. Em frente, o Júlio de Melo também foi fechado para os doentes. Agora abriga o setor de costura das roupas dos pacientes e dos médicos. É lavanderia e depósito.
Ao todo, são três pavilhões interditados e oito funcionando com a capacidade reduzida.
"A escolha da diretoria para que todas as especialidades continuem funcionando é racional ao número de leitos. Então eles estão transferindo pacientes de alguns pavilhões para outros pavilhões para tentar manter o atendimento em todas as especialidades", comentou o estudante de medicina Artur Brito.
Mais um setor inteiro desativado. Dez leitos deveriam estar ocupados por pacientes com doenças infecciosas como Aids, meningite e tuberculose. Tudo vazio. E ainda há uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) que foi construída e equipada exclusivamente para essas pessoas, igualmente interditada.
Havia sete leitos preciosos para pacientes que tinham justo o Oswaldo Cruz como o principal hospital de Pernambuco para tratar as doenças que têm. "Todos os pacientes daqui foram na verdade retirados e realocados em outra UTI que também já foi reduzida a quantidade de leitos de dez para sete e está superlotada, mesmo sem condições de uma assistência adequada a esses pacientes que são específicos de doenças infecciosas", informou o estudante de medicina Marcílio Oliveira.
Dos três andares da enfermaria das crianças com câncer, apenas um está aberto. Dos 36 leitos de tempos atrás, restam 12. Camas vazias na recepção do prédio, outras nas enfermarias desertas. Enquanto isso a filha de Maria das Graças tomou uma transfusão de sangue no corredor. "Não tem condições de uma criança como a minha filha ficar no corredor fazendo uma transfusão de sangue, à mercê das bactérias", contou.
O diretor Railton Bezerra disse que preparou uma proposta de requalificação do Oswaldo Cruz e entregou à Secretaria de Ciência e Tecnologia à qual está ligado. "Fizemos justamente uma proposta de requalificação do Oswaldo Cruz, ao valor de R$ 35 milhões que vai ter todo um cuidado com essa infraestrutura, com relação a essa questão dos esgotos, das linhas telefônicas e de energia elétrica e recuperação dos nossos três pavilhões que no momento estão fechados. Isso já foi encaminhado para o secretário e está em estudo. Até lá a gente tem que ver como vai sobreviver”, disse.
O secretário de Ciência e Tecnologia, Marcelino Granja, foi procurado pela equipe do NETV 2ª edição para falar sobre o assunto. A assessoria de comunicação ficou de marcar a entrevista ou mandar uma nota, explicando a situação do hospital. Mas, até o momento da veiculação da reportagem, não havia dado retorno.
Do G1 PE
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