terça-feira, 16 de novembro de 2010

Brasileiro cura célula autista


O biólogo que reproduziu o comportamento dos neurônios de crianças autistas em um pires de laboratório anuncia agora um passo crucial em seu trabalho. Em estudo, o brasileiro, Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), descreve como curou um punhado de células defeituosas com uma droga experimental. Ao recriar neurônios a partir de células retiradas da pele de crianças com uma síndrome de autismo genética, Muotri identificou características da doença independentemente do sintoma comportamental, observando as células vivas em microscópios. “Isso sugere que a técnica tem um potencial de diagnóstico. É a primeira descrição de um modelo humano que recapitula uma doença psiquiátrica. O biólogo é cauteloso, porém, quando questionado se seu trabalho é a descoberta de um tratamento para o autismo. A droga usada no experimento, a IGF-1, altera os níveis de insulina no organismo, e pode levar a uma série de efeitos colaterais indesejados, caso seja administrada no sistema nervoso de pessoas normais. Mesmo que a descoberta de um medicamento adequado possa levar décadas, Muotri se diz otimista. Ele está elaborando testes com uma série de outras drogas em um sistema robótico de experimentação, como o que empresas farmacêuticas usam. No estudo com células, reprogramadas, ele usou material biológico de crianças portadoras da síndrome de Rett, uma das variantes mais graves das várias doenças designadas como autismo. Essa condição é causada pelo defeito em um único gene, o que facilita seu estudo em laboratório, mas não é representativa de todas as outras síndromes do autismo. Para isso, Muotri está estudando também neurônios reprogramados a partir de células da pele de crianças com outros tipos de autismo. A técnica que ele usa para criar neurônios a partir de células é a mesma inventada pelo japonês Shinya Yamanaka, que reverteu células adultas a um estágio de desenvolvimento similar ao de células-tronco embrionárias. Em menos de três anos, essas células – conhecidas pela sigla iPS – se tornaram ferramenta tão popular na biologia experimental que Yamanaka já é visto como candidato ao prêmio Nobel.

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