segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Brasil na guerra contra a miséria
O Brasil que elegeu Dilma Rousseff tem 5% da população cuja renda mensal familiar não passa de R$ 50. A esse pedaço do país é que mais interessa a promessa da sucessora de Lula de erradicar a miséria nos próximos quatro anos. Para atingir apenas os 9,5 milhões de brasileiros que vivem na mais absoluta miséria, devem ser gastos R$ 3,8 bilhões por ano. Na prática, a equipe calcula gastar cerca de R$ 1,66 por mês para cada brasileiro na guerra contra a extrema pobreza. A conta foi feita por especialistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Se o custo do investimento para combater a miséria levando em conta apenas os muito miseráveis é de menos de R$ 4 bilhões por ano, o preço de um investimento real no combate a pobreza supera a casa dos R$ 20 bilhões anuais, segundo Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para ele, a avaliação sobre a miséria não deve levar em conta apenas a falta de comida, mas também as condições básicas de existência dos brasileiros. Uma família, para não ser miserável, deve ganhar pelo menos R$ 120 por mês. Para viver melhor, R$ 144. Atualmente, o governo gasta por ano cerca de R$ 13 bilhões com o programa Bolsa Família. Para Neri, a grande dificuldade de o estado acertar o passo no combate à miséria é conseguir mapear os brasileiros que precisam de mais ajuda e diferenciá-los dos que precisam de menos dinheiro. Além disso, segundo ele, as regiões brasileiras também precisam receber tratamento diferenciado dos programas sociais. O governo federal gasta em média 21% do PIB na área social. De acordo com os critérios do especialista, se forem levadas em consideração as condições básicas de vida de uma pessoa, o número de pobres no país ultrapassa 28 milhões. Além disso, as coisas melhoraram e o custo por habitante para erradicar a pobreza é menor hoje do que em anos anteriores. Segundo estudos da FGV, o combate a miséria custava R$ 23 por dia em 1993 por brasileiro. Em 1995, depois da implantação do plano Real, o custo caiu para R$ 17. Agora, se a ideia for combater apenas a pobreza extrema, o investimento diário possível é de cerca de R$ 0,10 por brasileiro. Além da exigência financeira mais baixa, o país agora tem o cadastro de quem são os pobres.
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