quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Brancos são mais suscetíveis à cocaína


Estudo mostra que gene identificado com a elevação das chances do vício está presente em um em cada 5 caucasianos. Um entre cinco caucasianos podem carregar uma variante genética que aumenta significativamente a suscetibilidade ao vício da cocaína. Esse defeito, caracterizado por uma ou duas pequenas mutações nos genes, altera a resposta do cérebro a sinais químicos específicos. De acordo com pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio (EUA), que fizeram a descoberta, os portadores da variante têm três vezes mais chances de se tornarem fortes dependentes, a ponto de morrer de overdose, comparando-se às pessoas que não possuem a característica. O estudo será publicado em breve no jornal especializado Neuropsychopharmacology. Após realizar autópsias em cérebros de pessoas que abusaram da cocaína, os pesquisadores descobriram que, entre brancos, as mutações estavam em quase 40% dos tecidos, comparando-se a 19% mas pessoas que nunca usaram drogas. No geral, uma em cada cinco amostras do grupo de controle (não dependentes) e uma em cada três dos usuários carregava a variante genética. Entre os afroamericanos, apenas um em oito cérebros apresentavam o defeito. Ainda não se sabe por que exatamente existe essa diferença entre as etnias. As mutações - tanto sozinhas quanto combinadas - afetam a forma como a dopamina modula a atividade cerebral. A dopamina, um neurotransmissor, é um mensageiro químico vital para regular a função do sistema nervoso central. Pesquisas anteriores já mostraram que a cocaína bloqueia a ação dos transportadores do neurotransmissor, fazendo com que eles não consigam absorvê-lo. Com isso, assim que liberada, a dopamina transborda das células, criando um sentimento de euforia. Nos indivíduos portadores da mutação, a função de um gene responsável pela transmissão dos sinais da dopamina no cérebro é alterada. Os pesquisadores especulam que essa modificação é responsável por um círculo vicioso. Com o passar do tempo, o cérebro precisa de mais consumo da droga para manter elevado o nível de dopamina e, assim, saciar o desejo do dependente.

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