É difícil ser cheinha, enquanto jovem, numa época em que se dita a magreza a todo o custo. Pelo menos, adolescentes que convivem com quilos extras acreditam que a felicidade está relacionada com a magreza.
Essa é a conclusão de um estudo da mestre em saúde pública, pela Universidade de São Paulo (USP), Dressiane Zanardi Pereira. A pesquisa, intitulada "A representação social de um corpo magro por adolescentes obesas", foi base para a dissertação de mestrado de Dressiane, que defendeu o trabalho em maio deste ano.
No primeiro semestre de 2010, ela entrevistou individualmente 32 alunas participantes do Programa de Atividades ao Paciente Obeso (Papo), oferecido gratuitamente desde 1996 por uma equipe de profissionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O Papo tem como objetivo envolver as adolescentes em práticas de atividade física, alimentação adequada e autoconhecimento. A meta final do programa é fazer com essas jovens percam peso.
A turma entrevistada pela pesquisadora era composta por garotas entre 13 e 16 anos, com condições sociais e físicas semelhantes. Essa triagem evitaria que alguma delas se sentisse excluída dentro da turma.
O questionário apresentado às garotas trazia três perguntas abertas. A primeira era "A que se deve o fato de você estar acima do peso?". A maioria das respostas culpava maus hábitos alimentares e compulsão alimentar devido a emoções negativas.
"Muitas delas diziam que não tinham bons hábitos alimentares em casa e culpavam os pais por isso. É claro que os familiares têm parcela de responsabilidade, mas menos do que elas diziam. A maior responsabilidade é delas mesmas", afirma Dressiane.
Vale frisar que meninas cujas famílias ajudaram nas mudanças de comportamento tiveram melhoras muito mais significativas do que aquelas que não tinham tanto apoio.
A segunda pergunta era "O que você espera com o programa Papo?". Todas as garotas responderam que esperavam emagrecer. Muitas acrescentaram que pretendiam melhorar autoestima e a estética ou melhorar a saúde. "Algumas delas chegavam com doenças associadas à obesidade, como o colesterol alto. Por isso elas tinham consciência da questão médica", explica Dressiane.
A terceira questão era "Se você for bem sucedida com o programa, se acontecerem as coisas que você espera, o que você acha que vai mudar na sua vida?". A maior parte das respostas dizia que o sucesso no programa aumentaria a aceitação das pessoas, melhoraria a sociabilidade e acabaria com os preconceitos sofridos pela obesidade.
"Elas acreditavam que, com o emagrecimento, a vida delas melhoraria em vários aspectos. Era como se tudo mudasse num passe de mágica. Mas não é assim que as coisas acontecem", diz a pesquisadora.
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