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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Atraso nas obras da transposição do São Francisco castiga os nordestinos


Com o atraso e a paralisação de alguns trechos das obras de transposição do Rio São Francisco, agricultores estão revoltados. Castigados pela seca, eles contavam com a conclusão do canal de transposição para aliviar o sofrimento provocado pela falta de chuva. 

O Ministério da Integração Nacional informou que deve realizar novas licitações para a transposição ainda neste ano. Ainda de acordo com o Ministério, a meta é concluir as obras até 2015.

De acordo com o balanço mais recente do Ministério da Integração, até agora as obras avançaram 43%. Elas deveriam estar em andamento em nove lotes, mas estão estagnadas em quatro. No lote nove, por exemplo, no município pernambucano de Floresta, não há sequer contrato em vigor com uma construtora, para que o serviço seja feito.


Um dos desempregados à espera de mudanças, Paulo Bezerra da Silva operava uma das motoniveladoras da transposição: “Não trabalho porque a obra parou, as firma parou e a gente ficou desempregado. E a situação é essa, acudindo o povo, que tem sede”.

A obra, que salvaria 12 milhões de nordestinos da miséria imposta pela falta de chuva, foi iniciada em agosto de 2007. Concluída, contornaria a estiagem típica da região, levando água a quase 400 municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A água do rio passaria por dois canais de concreto que cortariam uma das áreas mais pobres do Brasil.

No município pernambucano de Sertânia, que possui 34 mil habitantes, a terra cavada está abandonada, assim como os canteiros de obras. Em alguns deles, as máquinas sequer foram retiradas das caixas.

No sítio Barreiro, 16 famílias formaram uma cooperativa para plantar frutas. Para irrigar a plantação, tiravam a água de um açude, construído há cerca de 40 anos. Hoje, a área onde nunca faltava água está seca. “O que ocorreu aí foi uma falta de consciência do que estavam fazendo. Através das explosões, que ficavam muito próximas ao canal, então a detonação abriu uma fenda no subsolo e a água desce todinha, vai todinha para o canal”, desabafou o agricultor Fernando Ferreira Leite.

Lotes
No décimo lote, que consta como “em andamento”, é possível percorrer quilômetros sem encontrar funcionários ou máquinas. O serviço parou quando havia passado um pouco da metade, e as construtoras foram embora há aproximadamente três meses.

A única parte concluída é o canal de aproximação, em Cabrobó. O Exército foi o responsável por abrir este trecho, que vai receber primeiro a água do Rio São Francisco, distribuindo-a para todo o eixo norte, de 402 quilômetros. O canal do eixo leste, que terá 220 quilômetros, começa no município de Floresta.

A obra neste local avança sobre o Lago de Itaparica, para alcançar a parte mais profunda do reservatório. Até então, somente um trecho de aterro separa a água, tão necessária para os nordestinos, do canal da transposição.
Foi o Exército que ficou também com a parte mais próxima ao lago, que está quase concluída. Nessa área trabalham operários dos consórcios contratados pelo Ministério. E que erguem, inclusive, a estação que vai bombear a água, necessária para vencer os desníveis do solo. De acordo com os planos, outras seis estações deverão ser erguidas.

Também em Floresta, a barragem de Areias está perto de ser concluída. Aqui, onde os animais vinham para matar a sede, resta apenas um poço cheio de lama, onde poucos peixes lutam pela vida. Enquanto o tempo passa e as obras não avançam, morrem peixes, gado, plantas e, aos poucos, a esperança do povo.


Com informações do G1 PE

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